quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Forró do Luciano

É meus amigos, quando eu digo que essa vidinha de Salsicha dá um livro não é exagero. Vejam essa: ontem a noite meu fígado resolve se rebelar contra mim, e ele não é um cara fácil de se lidar, sei dizer que eram duas horas da manhã e a cabeça explodindo, uma dipirona, outra e nada, o estoque dos comprimidinhos que me acompanham sempre acaba e eu desesperado apelo para a ajuda do grande amigo porteiro Zé, também acho inusitado, claro, mas na hora do desespero vocês sabem, qualquer coisa é valida. Interfonei para a portaria para ver se por acaso havia uma caixa de primeiros socorros com uma dipironazinha perdida por lá e não havia, estranhei o volume do som que estava rolando e perguntei:
-Zé, você tá dando um baile aí?
Para meu azar acho que o figura já estava meio "alto" e resolveu abraçar a minha causa. Como eu estava bem mau mesmo para sair na rua aquela hora procurar uma farmácia,  aceitei o oferecimento e quando desci ele já estava esperando com o carro ligado. Comecei a desconfiar que algo estava errado quando ao invés de ir em uma farmácia 24hs que tem na avenida da minha casa mesmo ele foi pra um bairro vizinho, bem, até aí sem problema, qualquer farmácia é farmácia e pra garantir assim que paramos eu mandei logo pra baixo um flaconete para o fígado e duas dipironas para a cabeça (detalhe, eu já havia tomado duas dipironas em casa, estava em um ponto muito perto de uma overdose). Tudo que eu queria então era voltar pro meu cantinho e ficar no escuro até que a dor passasse, mas foi nesse momento que a coisa começou a degringolar, o que o figura queria mesmo era dar uma fugida do trabalho e passear em plena noite, ligou o som bem alto (vejam que falta de noção, com uma pessoa com a cabeça estourando ao lado) e sob o pretexto de não vou te levar pra casa desse jeito  foi indo para os lados de um bairro que eu só conhecia até então pela letra de uma música dos Racionais, Jova Rural, sem preconceito com o lugar nem com ninguém já que acho que o porteiro Zé é um baita cara, mas gente, relôú, eu só queria ir pra casa ficar no escuro quietinho e caí nessa armadilha.  Resumindo a historia, ele me mostrou a casa dele, o posto policial, o lugar onde vai ser o posto de saúde e até o Forro do Luciano que por sorte estava fechado senão a minha dor de cabeça teria ido parar em um bate-coxa no meio da madrugada. Uma hora depois, ainda estavamos passeando pela noite de São Paulo, percebi que a cabeça pesava uma tonelada, mas a dor havia passado e finalmente avistei meu prédio se aproximando como um porto salvador, é isso mesmo, tava tão grogue que era o prédio que se aproximava e não nós dele. Abri um sorriso. Mais tarde, enquanto tomava um chá de cidreira que uma alma caridosa deixou na minha despensa, fiquei cismando sobre como tudo que está ruim pode piorar, não acham?

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