quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Ensinamentos e memórias sobre o mundo das duas rodas

Aproveitando a programação super animada da TV no final do ano, hoje especificamente o não bom e velho especial do Roberto Carlos, Tio Salsicha tira a pena da gaveta pra falar um pouco sobre o universo das motos.
Comecemos dizendo que é um assunto que temos embasamento pra falar já que lá se vão 16 anos, 05 máquinas e mais de 80.000 km rodados em duas rodas.
O primeiro ensinamento que recebi e que me vale até hoje é: “de moto o prejuízo é sempre seu”, se você atropelar um cachorro, cai, uma pessoa, cai, se passar por cima de uma bola cai, se bater em um carro ou se este bater em você, cai, então vale ficar sempre atento e tentar antecipar o que pode acontecer, manter distância segura, sempre pensar em onde você pode jogar em caso de risco e corredor só se o trânsito parar, mesmo assim em baixa velocidade. O segundo é, “tenha sempre medo”, muito medo, moto é um veículo perigoso e quando você acha que já está pilotando muito é que acaba no chão, um duro aprendizado. Uma vez um skate atravessou a rua sozinho na minha frente por pouco não o acertei e uma vez caiu uma peça de um caminhão e acertou minha perna na estrada, prejuízo sempre meu.
Ande sempre equipado, capacete, jaqueta e calça grossas, luvas e uma boa bota, pois a maior parte das lesões em colisão com carro são na canela, que fica bem na altura do parachoque dos carros. Sempre ando paramentado, mas na única vez que caí em todos esses anos, por estar indo à um lugar perto, durante o dia, calor, estava de camiseta, o tombo me rendeu uma pele nova no braço esquerdo, hoje, mesmo que for andar dentro da garagem, equipamento completo.
Finalizando a parte antes da curtição, manutenção preventiva em uma moto é primordial e evita que um passeio acabe em uma dor de cabeça, mesmo porque, voltando a lembrar, é um veículo perigoso, nada te separa do chão, um freio que falha, uma corrente que estoura, uma falhada em uma ultrapassagem, podem fazer a diferença entre você comemorar o próximo aniversário ou não, assim sendo, manutenção preventiva sempre, além da periódica visita ao mecânico, uma checagem rápida antes de cada passeio, gasolina boa e pneus calibrados garantem a tranquilidade.
Ainda cabe um parênteses aqui de duas regrinhas muito pessoais, a primeira é que moto é monoplace, garupa só pra quebrar um galho de alguém em trajetos curtos, com garupa a moto muda muito de comportamento e como é perigoso, se a outra pessoa gostar tanto assim de moto, compre uma e venha andar comigo, na minha garupa é responsabilidade demais. E a segunda, é que moto deve ser “in a box” como muito bem disse o mesmo cara que me ensinou o lance do prejuízo ser sempre do motociclista, “in a box” significa zero kilometro, é muito difícil comprar uma moto usada e se dar bem, poucas pessoas sabem como andar e manter uma moto de modo a não vender problema pro próximo dono, eu quebrei essa regra duas vezes e me dei mal nas duas, peguei motos de quem só pegava e andava, com manutenção pra fazer, quebrou muita coisa na minha mão, resumindo, só aborrecimento, não indico, se puder ser zerada, você ao menos sabe o que fez e como deu manutenção na sua menina.
Tamanho e estilo são coisas muito pessoais, tive três 250cc que são o que há de mais funcional  no mundo das motos hoje, te levam até 140/h, consomem muito pouco, o que em tempos de combustível a 3,50 o litro é um baita diferencial,  têm injeção eletrônica, freios a disco, o melhor custo benefício possível, além de ter um tamanho bem propicio para furar o transito da metrópole, porém na estrada fazem aquele barulho de motorzinho de dentista, que acaba com a alegria de qualquer um. Para um uso misto cidade e estrada com garupa eventual, uma 500 é a mais indicada, 600 é a ideal  e tudo que passa de 800 é só para ter tamanho e consumir pois não tem nenhuma vantagem, já que não temos no Brasil estradas para usufruir os diferenciais que uma grandalhona pode proporcionar. Em questão de estilos não temos muitas variações, são 4 a grosso modo: Street, Trail, Speed e Custom. As Street são aquelas que você anda com o corpo bem ereto, os pés ligeiramente para trás, perto do chão para dar mais agilidade e guidão estreito para o transito das metrópoles, começam na famosa Honda CG 125, passam pelas Honda CBX 200 Strada, CBX 250 Twister, Yamaha Fazer 250, Honda CB 400  e têm opções de até 600cc; as Trail que são aquelas com suspensão cross propícias para um fora de estrada, mas a exemplo dos carros SUV, a grande maioria passa a vida toda sem experimentar o barro, com a variação Big Trail que além do motor superior a 650, vêm calçadas com pneus lisos (slick), essa categoria detém a clássica XL 350, a NX 350 Sahara, a NX 400 Falcon e até a Teneré 750; as Speed, que você pilota debruçado sobre o tanque, pés para trás"vestindo a moto"  e mesmo as pequenas dessa categoria tem motores nervosinhos, trabalhando em alto giro para dar vontade de acelerar, são as mais perigosas, começam na popular Kawasaki Ninja 200, passam pelas clássicas Yamaha RD 350, Honda CBR 450, Hornet 600, CBR 600 RR e tem opções de até 1200cc e; finalmente as minhas favoritas Custom, onde estão classificadas a Honda Shadow, Yamahas Virago e  Drag Star, Kawazaki Vulcan e Suzuki Boulevard, essas merecem um parágrafo à parte pois é onde mais tenho história.
Minha primeira moto foi uma Suzuki Intruder 250, uma pequena custom que a Suzuki importou de 97 a 2002 e fez muito sucesso por aqui. Não tinha muito motor, mas compensava no estilo, com um pneu bolachão na traseira o mesmo usado na clássica honda CB 400, que fazia ela parecer maior do que era na verdade, indicador de marchas no painel, o que reclamo até hoje e quase nenhuma moto nacional tem, e pra completar, guidão estreito, o que me dava agilidade no trânsito razão principal de eu ter entrado no universo das duas rodas. Rodei mais de 20.000 km com essa motinho, a maioria na cidade e quase não tive problema mecânico, ela também me proporcionou o primeiro e até hoje único tombo, nada sério graças a Deus. Depois dessa, tive uma Honda Twister 250, street que leva o título da maior viagem que já fiz de moto até hoje, São Paulo à 3 Lagoas – MS, 1500km somando ida e volta, muito confiável e com o diferencial de um cambio 6 marchas. Depois dessa cheguei em um sonho antigo, antigo mesmo, porque quando comprei já tinha 10 anos de uso, que eu infelizmente descobri depois que foram bem judiados, uma Honda Shadow 600, Custom bicarburada e, quando você tem  acesso à uma dessas, meu amigo, a vida passa a ser dividida entre antes e depois da danada. As custom tem a estrada como seu habitat natural, são pesadonas, mais de 200k, mesmo que sem grandes motores, o que confere muita estabilidade, o assento fica próximo do chão e os pés reclinados para frente, o guidão posicionado para trás para o máximo de conforto em grandes distâncias, como eu costumo dizer: um sofá de andar. Hoje essas máquinas só estão disponíveis a partir de 800cc, com transmissão a cardã ou correia dentada e injeção eletrônica, o que as tornou muito mais confiáveis, é o modelo que os leigos vão invariavelmente te perguntar se é uma Harley e se você for como eu, que não simpatiza em nada com a Harley, vai querer morrer de catapora.
 Na época da Shadow, elas ainda não tinham toda essa modernidade, mas tinham como diferencial o matador carburador de dois estágios, eles funcionavam no estágio 1 até 110/h, aí você tinha a sensação que a moto estava no limite, barulhenta, trepidando, mas eis que a 110 abria o segundo estágio e era possível perceber um salto, sensação semelhante a se abrir um nitro, e então a moto ia para 140 km/h fácil, o barulho acabava e ficava difícil de trazer a máquina para o limite da estrada, era então que ela mostrava todo seu motor, e é preciso registrar que a velocidade de cruzeiro dessas máquinas fica por volta de 150/h, hoje seria um festival de multas, mas há 10 anos o radar fotográfico ainda não havia sido inventado, tempos muito mais divertidos e muito menos cerceados que os vigentes. Ficou com vontade? Essas maquinas foram fabricadas até 2010 e ainda é possível encontrar muitas em ótimo estado de conservação por aí (traindo o princípio In a box), já tive uma Honda com transmissão a  corrente e uma Yamaha com transmissão a cardã desse estilo, e, para quem curte as duas rodas, é uma moto que você não pode morrer antes de pilotar.
Para encerrar o post que já vai longe e o especial Roberto Carlos até já acabou, vou usar uma frase para pensar envolvendo uma speed clássica:

A Yamaha RD 350 ficou conhecida como viúva negra não porque tinha muito motor e pouco peso, o problema dela é que não tinha freio. Qualquer idiota acelera uma moto, mas só um piloto consegue parar a tempo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Pau no gordinho

Toda vez que vê alguma postagem no Facebook, comunicando que alguém emagreceu não sei quantos quilos, que  pra isso mudou de vida, passou a fazer exercícios, aí um monte de gente curte, comenta incentivos etc etc etc, a Salsicha cínica não consegue deixar de pensar: -Ora essa, se emagreceu foi porque primeiro de tudo foi sem vergonha indisciplinado e engordou, logo não há mérito nenhum, comeu demais hoje, vai ter que comer de menos amanhã, simples assim, e exercício físico é uma obrigação que cada um tem com o corpo que a natureza lhe deu para sentir-se bem e ter saúde, então deixa de querer contar vantagem quando não fez mais que a obrigação. #chupagordinho

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Pequenas considerações sobre a gravata

Durante um curto período de tempo, essa Salsicha que vos fala trabalhou em uma empresa onde se usava terno e gravata, e eu tinha uma bronca sem fim disso, país tropical, nunca vi muito sentido em achar que uma gravata dá mais credibilidade à pessoa ou ao trabalho e hoje, pensando mais amiúde, vocês já notaram que a gravata está em desuso vertiginoso? Quem usa gravata atualmente? Pastor, advogado, bancário e político, profissões que tem a fama de que uma hora vão levar seu dinheiro embora de alguma forma. E os cidadãos comuns, só usam gravata pra casar e ser enterrado, ou seja, quando você vai se lascar. Salsicha não quer saber de gravata não, sai pra lá....