quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

É muito sol na cabeça...





Ah as operadoras de telefonia, sempre fornecendo assunto para este blog, preciso fazer um agradecimento especial qualquer hora dessas.

O comercial é bonitinho, o trem remete à futuro, à rapidez, a trilha sonora é agradável, “Você pega o trem Azul, o sol na cabeça” o trem azul remete ao logo da Tim, mas epa!!! O que esse “sol na cabeça” ta fazendo aí??? Tudo bem, vocês podem dizer que a Salsicha é chata demais, mas alguém pode me explicar o que o “sol na cabeça” representa aí no comercial? Hein? Hein? Hein? 
Acho que sol na cabeça tomou quem aprovou o comercial.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O que vi da vida.


Já estou chegando na idade que os mais jovens começam a tirar sarro, achar quadrado, e tenho alguns amigos que quando a conversa entra na questão idade, se sentem mal. Eu parei pra pensar no assunto, formar minha opinião sobre, e cheguei à conclusão que não me sinto mal com o peso dos anos, nasci em uma época de mudanças muito interessantes parodiando um livro de Eric Hobsbawn eu diria que minha jornada até aqui pode ser intitulada como “Tempos Interessantes”.
Nasci na longínqua década de 70, mas o que posso contar como experiência que vi já como ser pensante é a partir de 88 / 89, a ditadura tinha acabado de morrer e nela não se falava, mas ainda tinha como filhote o medo que as pessoas tinham de se expressar, as músicas que continham palavrão recebiam um sinal sonoro em cima quando tocavam nas rádios.
Não existia a internet, então o que a garotada tinha de acesso à pornografia era só através das revistinhas de fotonovelas compradas por alguém mais velho da turma, ou então na Sexta Sexy ou no Cine Privê da rede Bandeirantes de TV, respectivamente na sexta e sábado depois da meia noite e olha que só aparecia um peitinho e a garotada já achava uma festa.
A TV era muito chata, programação limitadíssima, os desenhos eram medíocres, então poucas crianças perdiam tempo com eles, o negocio era ir à escola e pensar qual ia ser a brincadeira da tarde, que acontecia na rua, com outras crianças, sem o acompanhamento de nenhum adulto, na verdade a gente sumia e as mães só sabiam que estávamos vivos quando aparecíamos para as refeições, no máximo alguma preocupada dava um grito na janela de quando em quando para ver onde as crianças brincavam, durante o dia era taco, futebol, bolinha de gude, pião, pipa e, a noite,  quando as crianças voltavam para a rua depois do banho e janta, as brincadeiras eram mais amenas, esconde-esconde, passa anel, berlinda, e aí se formavam muitos casaizinhos. Vídeo game foi uma revolução que eu nem cheguei a acompanhar porque quando eu era adolescente foi lançado o Atari, mas não cheguei a me interessar muito por ele, logo não acompanhei também o que veio depois, gostava apenas de jogar naquelas maquinas de fliperama que se botavam fichas de metal, a carteirinha de moedas da minha mãe foi assaltada muitas vezes para esse fim.
Música ainda era no vinil, e caro, poucos tinham acesso aos discos, então o negócio era gravar em fita cassete diretamente do rádio, era super descolado levar uma fita sua  personalizada para tocar na casa dos amigos, essa época o rock nacional produzia muita coisa boa, estavam estourando: o Ultrage a Rigor, Biquíni Cavadão, Blitz, Ira, logo depois viriam os Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Capital Inicial e os Titãs, que chegaram trazendo um rock mais pesado, fazendo muita gente pesquisar o gênero, lá fora rolavam os clássicos que até hoje são clássicos, Beatles, Stones, Deep Purple, Led Zeppelin, AC/DC,  Aerosmith. No final dos anos 90 chegou a Dance Music, encerrando a era Disco da qual eu pouco participei, os pioneiros Snap, Technotronic,  Information Society, C+C Music Factory e logo uma enxurrada que não lembro mais os nomes faziam a cabeça da garotada que ia para os bailes nos colégios ou nas primeiras danceterias, que além do noturno ofereciam também matinês para a galera mais jovem. O curioso é que nesses lugares se ia exclusivamente para dançar, só uma ou outra tinha bar e as cenas das pessoas caindo de bêbadas tão comuns hoje eram raras, uma outra diferença que lembro era o horário, as pessoas saiam para dançar as oito e pouco depois da meia noite as casas fechavam, os bailes encerravam. Os relacionamentos também eram um pouco diferentes dos atuais, o ficar não existia, então você podia até conhecer uma garota em um baile, mas ia namorar com ela pelo menos algumas semanas ou em alguns casos, para sempre.
Quando tinha 14 anos ganhei em um sorteio de supermercado o meu primeiro toca CD, que era um aparelho à parte, conectado ao Três-em-um, um aparelho que tinha esse nome por tocar vinis, cassetes e rádio, o primeiro CD que comprei foi o Daniel na cova dos Leões, da Legião Urbana e depois foram muitos, tenho mais de 200 cds.
Mais dois anos e chegou o computador, primeiro tive contato na escola, estava então no colegial, hoje chamado ensino médio, depois meu pai comprou um para nós, mesmo assim era lerdíssimo e a Internet só viria a se popularizar anos depois. Com linha discada, vídeo era impensável, mesmo uma foto demorava alguns minutos para carregar nos modens de 56k que faziam um barulhinho bem característico ao conectar, a gente dizia que era uma panela de pressão e um gato.
Em 1996 entrei para a faculdade e no mesmo ano comecei a trabalhar, a infância acabava de vez, um pouquinho antes acontecia um fato que também vale destacar já que a garotada de hoje não faz a menor idéia de como era conviver com isso, após o governo militar que encerrou lá no começo dos anos 80, ainda assim só em 89 que tivemos a primeira eleição direta para presidente, deixou o saldo da hiperinflação,  os preços subiam todos os dias praticamente, as pessoas tinham que receber o salário e correr para comprar tudo que precisavam pois no mês seguinte as mesmas coisas já estariam 80% mais caras, era uma loucura, tinha que haver uma despensa enorme em casa e até carne se comprava e congelava para um mês todo, só em 1994 o Plano Real deu fim a essa insanidade, tornando a moeda no mesmo patamar do dólar e depois sofrendo pequenas desvalorizações até chegar no patamar que é hoje.
Os automóveis também merecem uma menção especial na minha história,  é incrível como a indústria se desenvolveu e como o perfil do consumidor mudou, o sonho de todo garoto dessa época era o Chevrolet Opala 6cc ou o Ford Maverick. Os primeiros carros a que tive acesso eram os Volkswagen, naquela época (1993/1994) o sucesso era o gol, e o interessante é que eram carros extremamente desconfortáveis, porém com grandes motores, o que fazia a cabeça da garotada era acelerar. Conforto era frescura: ar condicionado, travas, direção hidráulica, isso era coisa de velho, mas os motores 1.8 e 2.0 usados então, levavam os bólidos aos 200km/h facilmente, e não havia os malditos radares fotográficos, então multa era só se o guarda pegasse você. Lembro de um golzinho 1.8 de 1991 que foi o primeiro que meu pai liberava pra mim após a habilitação, eu passava de segunda para terceira marcha a 80km por hora e o esporte favorito era ver o ponteiro do velocímetro cruzar a marca dos 200/h, tarefa impensável nos nossos confortáveis 1.0 com ar condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas atuais.
Outra revolução que eu vi desde o nascimento foi o celular, diz a historia que o primeiro celular no Brasil começou a operar em 1990, mas até 1996 era para muito poucos, só havia a Telesp como operadora, uma linha custava três mil reais, o serviço também era caríssimo e só com a chegada da BCP, hoje Claro,  em 1998 que o celular se popularizou, mesmo assim os aparelhos eram enormes, pesados e só realizavam chamadas e mensagens de texto. Nem é preciso dizer quanta coisa vi mudar neste campo.
E finalmente a grande invenção que separou a historia em antes e depois dela: a internet em banda larga, sua popularização começou nos idos de 2003 / 2004 e de lá para cá foi uma explosão, todo mundo se tornou dependente, e aí vieram as redes sociais, e depois a internet se juntou com os celulares  e então nada mais foi igual. Hoje onde olho tem alguém jogando, assistindo, navegando ou trocando mensagens no celular, as pessoas já quase nem olham mais para o lado, hipnotizadas pelo aparelhinho mágico.
Bom? Ruim? Não sei ainda definir, nem quero ser conclusivo, mesmo porque espero viver ainda mais um pouquinho, mas posso dizer que gostei de ver toda essa revolução acontecer, entender de onde tudo partiu, participar dela, isso definitivamente não faz me sentir velho, me sinto privilegiado e curioso com o que ainda virá.